Sunday, March 04, 2018

O Moleque Ricardo



Tenho a primeira edição de O Moleque Ricardo, do José Lins do Rego, publicado pela José Olympio em 1935 com capa do Santa Rosa (sem crédito).

Primeiro romance de Zé Lins em terceira pessoa, está, no que diz respeito à temática "social", irmanado a obras de Jorge Amado, Amando Fontes, Dionélio Machado e Graciliano Ramos. Quanto às questões homoafetivas, no entanto, encontra-se relativamente isolado. Centrais aqui, irão encontrar semelhanças no próprio Zé Lins, em Doidinho, por exemplo.

Muitos quiseram ver autobiografia em Doidinho, sempre ajudados / traídos, claro, pela primeira pessoa (por isso Cortázar sempre a evitava). Assim, não deixa de ser interessante que, para tratar de assuntos tabus, em 1935 como em 2018, o paraibano tenha optado por outro ponto de vista.


Ricardo fugiu. Era assim como se comentava a saída dele para outras terras. Uns falavam que se juntara aos tangerinos, de madrugada, outros que pegara um trem de carga. O fato era que aos 16 anos, Ricardo não ia mais à Estação buscar os jornais, não lavaria mais cavalos no rio. Deixara o quarto da mãe Avelina fedendo a mijo por outros. E no entanto, a sua fugida ele a calculara.


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