Monday, February 13, 2017

Cry Freedom



Do filme assistido há uns quinze anos ficaram três cenas, nítidas : a galera tomando cerveja depois do jogo de rúgbi (em minha lembrança era futebol), arremessando alegres as garrafas uns aos outros; a brutalidade das crianças queimadas por ácido nas camisas ganhas de presente; a brutalidade do policial atirando, do carro, na criança que foge apavorada pelos campos.

As três cenas só cresceram agora que revi Cry Freedom (1987), de Richard Attenborough, o mesmo de Gandhi e a elas adicionarei indelével à memória : a solidão da doméstica Evalina e do cachorro Charlie ao serem deixados para trás.

O filme é muito bonito, embora tenha seus pecadilhos hollywoodianos: a trilha por vezes grandiloquente, a maldita mania de inserir piadinhas inverossímeis só para agradar ao americano médio do subúrbio, desnecessários momentos de thriller, com desnecessárias corridas de carros em alta velocidade. Por fim, os quarenta minutos finais poderiam ser enxugados para uns quinze, de modo que a história de Steve Biko não ficasse tão em segundo plano. (Camila chegou a dizer: em filme que é para ser de herói negro, no fim é mais herói o branco.)

Já a canção homônima deste genial sul-africano que recém completou cinquenta anos é perfeita do início ao fim, linda,deste Crash (1996), obra-prima de fio a pavio.




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