Wednesday, November 02, 2016

A Destruição do Nilton Bravo do Sírio e Libanês



No dia 25 de outubro deste ano o jornal O Globo publicou, no caderno (ainda chama assim?) "Rio Gastronomia", pequena matéria acerca das pinturas de Nilton Bravo ainda existentes em restaurantes e principalmente botequins cariocas. Nesta lê-se que um pesaroso Jawad Ghazi, proprietário do restaurante Sírio e Libanês, "teve que aprender a viver sem" seu Nilton Bravo, que ele próprio encomendara em 1966.

O cronista João Antônio, que incluíra a obra em sua pesquisa sobre o pintor, assim o descreveu:

"Restaurante Sírio Libanês - Rua Senhor dos Passos, 217 - ESPETACULAR - Um Nilton Bravo enorme, na lateral, forma de retângulo, com motivos árabes. O mais comprido de todos os que vi".
No entanto, segundo Ghazi:

"A pintura estava toda velha, descascando. Chamamos uns pintores da igreja (Nossa Senhora do Terço e Senhor dos Passos, na Saara) para restaurar, mas eles disseram que, infelizmente, não dava para recuperar mais. Fiquei muito sentido. O mural tinha pontos turísticos da minha terra, como os templos de Baalbek e cedros do Líbano."

Assim, há um ano e meio, por ocasião da mais recente reforma do restaurante, Baalbek e cedros do Líbano, pilastras e poços, lago e barquinho foram cobertos de tinta.

Façamos as contas: um ano e meio atrás dá, sem erro, primeiro semestre de 2015. Ora, eu estive no Sírio e Libanês em junho de 2014, quando encontrei o painel de Bravo em excelente estado de conservação, tanto que escrevi, empolgado, esta postagem aqui.

Então, como interessado apaixonado pelo assunto, venho a público esclarecer que as declarações do Sr. Ghazi são bem pouco convincentes. Repito: o painel encontrava-se em excelente estado, podendo-se mesmo afirmar ser ele a joia de toda a obra de Nilton Bravo, pai e filho, que resistia na cidade.

Quando comuniquei minha descoberta a um amigo nilton-bravólogo, o Ivo Korytowski, este foi lá checar mas já não o encontrou. Isso em 2014 ainda.

Sua destruição constitui-se, portanto, exemplo claro de crime de lesa-patrimônio, mesmo que a obra de Bravo não haja sido, ainda, efetivamente tombada.

Abaixo seguem registros feitos em junho de 2014.








1 comment:

Ivo Korytowski said...

Uma obra dessas se perder e uma pena...