Saturday, November 01, 2014

Eu digo ao Dante que ele vai dormir



minha casa marcada de morcegos
que ninguém a pinte ou ouse cobrir
seus noturnos rastros diagonais
quando o sol se põe por detrás da serra
eu digo ao Dante que ele vai dormir
ele se aquieta em momento raro
deita os cabelos sobre os meus joelhos
eu digo ele ouve a seu modo sempre
a seu modo e também assim ouvimos
coisas ao nosso modo assim o sol
deita sua cabeça sobre o morro
e nele afunda-se que a tarde quente
descansa e volta ainda os olhos para
pingar silêncios nos olhos do menino

1 comment:

Ana said...

Gostei muito desse. É provavelmente um momento que se repete sempre, como numa espiral. Mas não no sentido tedioso da eternidade e sim no da infinitude.