Wednesday, October 22, 2014

Eleições de 1989 ::: São Paulo X Vasco



Acabou que esta eleição para presidente empolgou muito mais do que haveríamos de supor. Isso pode ser bom ou mau.

A de 89 não esquecerei jamais. Não apenas porque era a primeira direta desde 1960 ("Vovô viu a urna"), mas porque foi disputada por Lula, Brizola, Collor, Maluf, Covas, Afif, Caiado, Ulysses Guimarães. Quer mais? Aureliano Chaves, Enéas e Gabeira! E citei só os mais importantes!

No Rio o negócio pegou entre o Brizola, sempre forte aqui, Lula, e o playboy engomadinho Fernandinho. Adesivos de carro davam o tom frenético da disputa e mais de uma vez fiz minha viagem de 460 fazendo disputas com os adevisos encontrados pelo caminho. A mordacidade carioca fazia das suas: vascaínos compravam o adesivo do Covas só para inverter as sílabas, enquanto antibrizolistas compravam o de Brizola e retiravam as duas primeiras letras.

O resultado de 15 de novembro todos sabem: vão para o segundo turno Lula e Fernandinho.

Em que pese todo esse circo (ou por isso mesmo), o circo do futebol não parou. O Vasco contratou Bebeto do rival e reforçou o bom / muito bom time que já tinha: Acácio, Luis Carlos Winck, Mazinho, Geovani, Bismarck. Romário e Roberto tinham acabado de sair.

Chegando à final, uma maluquice do regulamento permitiu que o Vasco, por ter melhor campanha, escolhesse o local do jogo de ida. Preferimos que este jogo fosse no Morumbi (detalhe: uma vitória simples em casa já nos daria o título).

E agora como amarro as pontas deste post? Bem, a decisão São Paulo X Vasco foi no dia 16 de dezembro de 1989, véspera da decisão de uma das eleições mais disputadas da história: Collor X Lula. No Morumbi, enquanto a torcida do São Paulo (pelo menos parte dela) entoou músicas pró-Collor, a do Vasco, naturalmente minoritária, porém fazendo jus ao seu passado democrático, guerreiro e contestador, cantou o jingle de Lula! Disso não esqueço.

Deus, sentado na marquise próxima ao portão D, a tudo assistiu e iluminou a cabeça do Sorato para nos dar o bi-campeonato.

Eram tempos de lei-seca eleitoral. Os rivais ironizaram que comemoramos com guaraná e coca-cola. Bem, na impossibilidade de comemorar apenas com cerveja, fui obrigado a descobrir uma garrafa de rum na festa em que estava. Na manhã seguinte a cabeça doía apenas um pedaço, nada que me impedisse de vestir a camisa do Vasco e correr para minha seção cumprir com as obrigações de mesário.


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