Monday, March 31, 2014

São Paulo! Como Ação de Minha Vida



"São Paulo! comoção de minha vida...
São Paulo! como ação de minha vida
São Paulo! louca emoção de minha vida
São Paulo! locomoção de minha vida!"

Gilberto Menodonça Teles (at 4 o'clock GMT)
  
 












 
d'aprés :: aqui, aqui, aqui e aqui

Uma Luz Antiga



Alguns registros de antigas luminárias do centro de São Paulo. Sé, Beco do Pinto, Santa Ifigênia e o que se encontra e desencontra no caminho.





Sunday, March 30, 2014

Lanches API ::: Azulejaria (ou Bares de Sampa VI)



Procurei pela Lanches API (Associação Paulista de Imprensa) no primeiro semestre do ano passado, há cerca de um ano, pois, apenas para encontrá-la fechada. Não foi fácil localizar a ruazinha entre a Sé e a Liberdade:: policiais jornaleiros porteiros taxistas camelôs pedestres políticos mergulhadores enxadristas -- ninguém a conhecia.

Voltei cinco meses depois para encontrá-la em ampla, geral e irrestrita reforma. Bisbilhoteiro, meti-me em meio ao cimento fresco e ao insuportável ruído das serras para encontrar os azulejos por que buscava em meio a nuvens de fumaça. Ficariam por lá não ficariam?, façam suas apostas.

Voltei anteontem, depois de me perder na Liberdade, devorar um pratão de macarrão picante com mariscos picantes e desistir.

A Lanches API nem mais era o que fora, virara restaurante. On the top of that, estava fechada (seriam uma 4 da tarde). Mas depois de fazer cara de cão sem dono (o que em parte sou mesmo), entrei.

Os paineis de azulejos do Ateliê Moral continuam ali. Tal qual a Aldino (conforme escrevi aqui), que empreendeu modernosa reforma, tiveram o bom senso de manter os magníficos paineis, primor naïf da azulejaria nacional.











Friday, March 21, 2014

Coleção de Águias :: Começando


Embora prefira as das casas da Zona Norte e dos subúrbios, tão bem evocadas pelo Nava em passagem que já não reencontro, decido começar coleção com essas que provavelmente são os pesos-pesados das águias da paisagem carioca: as do Palácio do Catete (não por acaso também atende por Palácio das Águias), a dourada do Teatro Municipal e, de quebra, duas no Jardim Botânico.








Reparem que dentre as cinco fabulosas harpias de bronze do palácio, a central tem as asas em disposição distinta. A notar também que não bastaram as asas das águias do prédio do Jardim Botânico, ainda trataram de colocar ali uma cabeça de Mercúrio com seu capacete alado!

Este outono nos chega à queima-roupa

Glória ::: março 2014


este outono nos chega à queima-roupa
qual noite na montanha :: a voz surpresa
suspensa entre as estações :: sibilos
colhidos em meio às tamarindeiras
este outono nos desenha e ocupa
o que antes foi incêndio e caos apenas
mas o calor é o mesmo e dirão
que outono é uma bobagem só palavra
na folhinha no google sequer rima
pra incorrespondente palavra sono
pode ser mas decerto algo maduro
se instala em nós e seja como for
tudo que foi promessa agora é fruto
talvez o nome disso seja amor

Thursday, March 20, 2014

No Rio o Mário morou no Minas



Moacir Werneck de Castro escreveu livro, ainda não lido, chamado Exílio no Rio. Agora mais do que nunca quero lê-lo, ao esbarrar com a casa em que Mário morou entre nós.

Digo casa metonicamente, tipo 'aparece lá em casa' quando todos sabemos que você mora num conjugado no Catete.

Esbarrei em manhã de domingo, na Glória. Por dois anos, Mário morou muito perto de onde Nava viria a morar em 1943 (aqui). Mário e Nava se conheceram na célebre caravana modernista de 1924 mas, pelas datas, nunca trocaram palavras na Rua Santo Amaro ou perto do famoso relógio que seria fatal para o mineiro.

O prédio Minas Gerais tem placa, placa que o do Rosa não tem (ver aqui).





Wednesday, March 19, 2014

Os Anjos da Glória


Enfim no blog postagem sobre os azulejos da Imperial Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. Pra quem às vezes se deleita ao encontrar azulejos dos anos 70 em boteco, revisitar esses estupendos paineis portugueses setecentistas é... tão bom quanto. Não é o Rio pródigo em igrejas azulejadas. Mas bastava estas joias aqui para nos nos encher de glória, desculpem o ufanismo. E o trocadilho.

Na nave os temas são sacros; na sacristia, profanos. Todos feitos entre 1735-1740.

Concentrei-me nos anjos. Dóceis, gordinhos, angelicais, cheios de detalhes, cupidos, brincalhões, arcanjos. Barrocos.











Tuesday, March 18, 2014

Nos 40 Anos do The Lamb




Lançado no glorioso ano de 1974, The Lamb Lies Down on Broadway, sexto álbum do Genesis e infelizmente único duplo, entra nos enta, torna-se quarentão com um vigor de fazer inveja a muito fedelho por aí.

Embora esteja longe de ser trabalho "difícil", The Lamb não é disco para ser amado assim de cara, de primeira ouvida. Não tem aquela música especial que chegue a píncaros, coisa que poderíamos dizer de uma "The Musical Box" ou, claro, "Supper's Ready".

É um disco relativamente homogêneo. Homogêneo em sua excelência. Requer repetidas audições. Eu mesmo ainda não terminei de ouvi-lo.

Em vez de música preferida, opto por algo distinto: escolher a canção em que cada um dos cinco integrantes mais se destaque. Acaba sendo tão difícil quanto escolher a favorita. Mas vamos lá.

Tony :: "Riding the Scree".

No show de banda cover no Canecão, que levou o disco na íntegra, jamais esquecerei de uns garotos no final atirando-se uns contra os outros ao som da melodia deste teclado aqui...

Mike :: "Lilywhite Lilith"

Não parece que ele vai arrebentar a corda do baixo?

Steve :: "Here comes the Supernatural Anaesthetist"

Rivotril pra quê?

Phil:: "In the Rapids"

Pra quem só lembra da fase hipercomercial do Phil, ouvir este disco de fio a pavio com fones de ouvido poder ser muito salutar.

Peter visceral :: "Back in N.Y.C."
Peter doce :: "The Lamia"
E destaque para o sussurro travesso ("Here I go!"), só comparável ao "Cocaine" do Ozzy em "Snowblind", em "Riding the Scree".
 
Letra :: "Counting out Time".
 
Pros tolinhos que criticam o progressivo por não ter nem humor nem sexo, esta maravilha aqui mata dois coelhos com uma caixa d'água só.
 
 
 
 



Monday, March 17, 2014

Léxico Familiar I



Releio com grande gosto Léxico Familiar, da Natalia Ginzburg, genial já desde o nome. Fique a ambiguidade da frase: geniais são o nome do romance e o nome da autora, Ginzburg, porque nos remete, também, ao seu filho Carlo, do inesquecível O Queijo e os Vermes.

Passados um pequeno prefácio (que ela chama de advertência) e cerca de vinte páginas, já antológicas e hilárias, Natalia assim nos entrega de bandeja o sentido (um dos) do título:

Somos cinco irmãos. Moramos em cidades diferentes, alguns de nós estão no exterior: e não nos correspondemos com frequência. Quando nos encontramos, podemos ser, um com o outro, indiferentes ou distraídos. Mas, entre nós, basta uma palavra. Basta uma palavra, uma frase: uma daquelas frases antigas, ouvidas e repetidas infinitas vezes, no tempo de nossa infância. Basta nos dizer: "Não viemos a Bergamo para nos divertir" ou "O que é que o ácido sulfídrico fede", para restabelecer de imediato nossas antigas relações, nossa infância e juventude, ligadas indissoluvelmente a essas frases, a essas palavras. Uma dessas frases ou palavras faria com que, nós irmãos, nos reconhecêssemos uns aos outros, na escuridão de uma gruta, entre milhões de pessoas. Essas frases são o nosso latim, o vocabulário de nossos tempos idos, são como os hieróglifos dos egípcios ou dos assírio-babilônicos, o testemunho de um núcleo vital que deixou de existir, mas que sobrevive em seus textos, salvos da fúria das águas, da corrupção do tempo. Essas frases são o fundamento de nossa unidade familiar, que subsistirá enquanto estivermos no mundo, recriando-se e ressuscitando nos mais diferentes pontos do planeta, quando um de nós disser -- Ilustre senhor Lipmann --, e logo ressoar em nossos ouvidos a voz impaciente de meu pai: -- Parem com essa história! Eu já ouvi isso mais de mil vezes!
 
 

Thursday, March 13, 2014

Birreria Baladin



Estalando de nova, a Open Baladin localizada na Rua dos Espelhos, próxima ao Campo dei Fiori em Roma, tem de tudo para se tornar uma das mecas incontornáveis dos amantes de cerveja.


Sobre a Baladin, uma delas, eu já escrevera aqui. Agora imagine ter a chance de tomar esta cerveja excepcional (mais correto dizer 'estas cervejas', Baladin é plural, em todos os sentidos) assim direto da torneirinha.

E não rola ciumeira aqui. A superlativa carta de birras alla spina (cerca de quarenta!!) abriga outras jóias do bel paese, mas ao menos em uma primeira visita, fazer uma degustação horizontal das cervejas do Teo Musso, com direito a chocolatinho de cerveja no fim, é o que há.

Para um país que há pouco vivia de suas Nastros Azurros, o salto é gigante.

O atendimento, bem, o atendimento é ruim, típico da Roma que toma ares parisienses.




Fahrenheit 451 :: A Livraria



Há mais de dez anos passo para os meus alunos o filme Fahrenheit 451. A não ser confundido com o Fahrenheit 9/11, documentário do Michael Moore que o usou como intertexto. Fahrenheit 451 é filme do Truffaut de 1966 e o diretor francês, aliás, ficou zangado que Moore usou título semelhante "sem o consultar". Pode? Enfim.

Enfim, o clássico de Truffaut, um filme de ficção científica baseado no romance de Ray Bradbury de 1953, é lindo. Pelo gênero, envelheceu mal nos aspectos da tecnologia, claro, mas sua mensagem de luta contra a tirania e de amor aos livros é perene e atual.

Ao passar para alunos do Ensino Médio, tenho o cuidado não só de adverti-los sobre o desgaste de técnicas cinematográficas para se fazer sci-fi à época, mas também de poupá-los de algumas cenas, francamente descartáveis.

A mensagem é perene.  A cena final, eterna.

E no final todos nos tornamos book people.

O que eu não esperava era encontrar livraria em Roma de nome Fahrenheit 451. Esbarrei com ela no caminho da Birreria Baladin, no Campo de Fiori, o que é quite quite appropriate, já que Giodarno Bruno foi queimado ali. Hoje sua estátua encapuzada meio que assusta, mas soturnos eram os medíocres, bombeiros avant la lettre, que o mataram.


 






alunos se tornam book people