Tuesday, February 04, 2014

Os Reis do Chocolate da Padaria Marconi



Com os autógrafos do baixista Patrick Djivas, do guitarrista Franco Mussida e do baterista-vocalista-showman Franz Di Cioccio, meu Reis do Chocolate nunca mais será o mesmo.

Minha edição é nacional (os avisos DISCO É CULTURA, ESTEREO MONO e TAMBÉM EM FITAS [!!!] não me deixam mentir). Comprei-o usado em fevereiro de 1984, juntando meus parcos caraminguás, que eu não tinhas as fortunas exigidas pelos vinis importados da Itália.

Peguei-o na pressa da saída para o show da semana passada. Acertei. Tocaram 3 das 5 músicas ("Harlequin", "Out of the Roundabout" e, se não me falha a Mnemósines, a faixa-título). O disco todo é ótimo, embora a maioria dos fãs não lhe dê o merecido valor. Depois dos épicos, capolavori absolutos Storia di um Minuto e Per un Amico e do superproduzido L'Isola di Niente (mas que também amo), Chocolate Kings assinala certa mudança, sim, a começar pela língua. O disco é todo cantado em inglês e eu só não maldigo isso porque os vocais estão a cargo do Bernardo Lanzetti (ex-Acqua Fragile, de que falei aqui).

Com este disco, a PFM tentaria romper de vez a bolha e deslanchar no mercado norte-americano. A estratégia da mudança da língua pode ser pra lá de questionável, mas ainda se me afigura menos ruim que a versão para o inglês de músicas já clássicas cantadas em italiano. (Heresia, aliás, cometida no show daqui, o que motivou meu grito cheio de cólera, mas isso fica pra depois). A muitos críticos dessa postura da banda passa despercebido a absurda ironia do título do álbum. A missão era conquistar ouvintes e eles o tentam ironizando esses ouvintes, os "reis do chocolate", termo pejorativo para se referir aos americanos no pós-guerra.

Um aspecto notável aqui é que, dado o timbre de Lanzetti, a Premiada Padaria Marconi soa como Genesis. E muitas das bandas nascidas e criadas sob a influência do Genesis de Peter Gabriel hoje me parecem na verdade muito mais influenciadas por este Premiata que pelo próprio Genesis. É só pensar no Marillion inicial e, principalmente, no Citizen Cain. Uma tese questionável, admito, por isso gosto dela.
 
Djivas

Mussida

Cioccio
 

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