Sunday, February 16, 2014

O Iauaretê num Vitral em Belo Horizonte




Também Belo Horizonte passa por mudanças que conduzem, quase que invariavelmente, à verticalização, inchaço e, claro, uglification of the world (escrevi aqui). Em caminhadas pelo Brasil (Rua Rio de Janeiro, São Paulo, Piauí, DA Bahia) e seus indígenas (Aimorés, Guajajaras), surpreendemos ainda aqui e ali casas vistas por olhos do Nava, Drummond, Cyro, Guimarães, Otto, Fernando, Paulo. Parece pouco? Bastava esse argumento para a cidade ser inteiramente preservada. Mas enfim... sigh...

Em andanças recentes, passei por casa meio que bleak house, toda achaleisada à europeia. Não mais é casa de gente, convertida que foi em estabelecimento comercial (acessórios de.... aeromodelismo). O próximo passo, quando os aeromodelistas locais não mais derem o lucro ambicionado pelo proprietário, será.... Bem.

Da rua vislumbro vitral. Subo, peço, tiro fotos de um vitral parcialmente oculto por mercadorias. Trabalho belíssimo, em que um mineiro da capital (profissional liberal? funcionário público do alto clero? fazendeiro???) manda pintar no vidro cenas das Gerais, os buritis, a vereda, as araras e a pintada.

Então era assim, tinha-se Iauretê ali, na sala de jantar, nos convidando a beber cachaça, desonçar o mundo, até a língua picar de areia ou, mais, tornar-se parte da tribo das onças.
 


 

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