Sunday, August 04, 2013

O maior solo de guitarra de todos os tempos



Não, o maior solo de guitarra de todos os tempos (escusado dizer que só pode ser do roquenrol) não é o de "One After 909", na versão iconoclasta e marcial que o Laibach fez do Let it Be (1988).

O maior solo de guitarra de todos os tempos é de "Idolen", bonus track do único álbum, homônimo, da banda de rock progressivo sueco que atende pelo nome de Blåkulla.


Então, vamos lá. O rock progressivo sueco não é lá muito mainstream. A cena progressiva sueca está longe de ser das mais famosas do rock progressivo. Na cena sueca destacam-se bandas como Kaipa, Fläsket Brinner, Kebnekaise (que tocou com a minha madrinha Turid), Mr. Brown, Kultivator, Trettioariga Kriget, todas ótimas, para não falar da maravilhosa cena posterior, que tem nomes como Änglagård,Flower Kings e Moon Safari. O Blåkulla lançou seu único disco em 1975. O CD é de 1997.

A música que contém o maior solo de guitarra de todos os tempos NÃO fez parte do álbum e foi lançada apenas como bonus track quando o CD enfim veio a lume. A caixinha dentro da caixinha dentro da caixinha. Lembra até o post sobre o Laphroaig.

Não tenho arcabouço teórico para descrever o solo. Tivesse, não o faria. Qualquer descrição aqui apequena. Mas não há como deixar de salientar os bends, os pull-ons, os hammer-ons. Não há como deixar de mencionar também o momento mágico que precede o solo, de 3:49 a 4:29. Quarenta segundos de expectativa. Em que pesem baixo, hammond e bateria (com seus rolamentos) trovejantes, daria para ouvir um alfinete cair, pois é como se tudo parasse, o tempo mesmo suspendesse sua infinita respiração à espera das notas prodigiosas.

E há algo de final dos 70 aqui. Embora estivéssemos apenas em 1975, como que já se sabia que os anos gloriosos haviam transcorrido e a segunda metade da década de 1970 iria assisitir à prostituição dos biggies, bem como ao nefasto surgimento da disco e do punk.

Mesmo sentimento, by the way, que se respira numa "Qu'est-ce que t'as compris?", do canadense Morse Code (em disco de 75 também) e na eterna "Dirty Women", do Black Sabbath (no Technical Ecstasy, de um ano mais tarde). O uso do super Hammond aliado ao sintetizador também sugere essa ponte. Dos anos 70 para o nada.

NOTA: Se as mal traçadas linhas causaram vontade de ouvir o tal solo, fico feliz. E seria maldade não colocar o dito cujo aqui. Bem, a canção "Idolen" está no youtube, e só agora, passados sete meses da postagem, consigo trazâ-la para cá.






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