Saturday, June 04, 2011

Sem saideira



Irão implodir amanhã de manhã a antiga fábrica da Brahma localizada na Cidade Nova, colada no Sambódromo. Para / por quê? Para ampliar as arquibancadas. Ou seja, derrubam-se história e patrimônio para que se possa lucrar mais com o carnaval.


O que choca é que a construção (na verdade, três prédios) era tombada e foi destombada com facilidade assombrosa. O mesmo aconteceu, nestes nossos dias, com o Maracanã. A ideia, portanto, de que o tombamento é garantia de preservação cai por terra. O tombamento garante a preservação, mas só até que entre grana preta para comprar a politicalha. Aliás, a grana já nem precisa ser tão preta assim: políticos e juízes parecem dispostos a vender-se por um bom capão.


A construção, dos anos 40, tinha valor histórico inestimável, mesmo não sendo os prédios originais, do final do século XIX. A fábrica Manufactura de Cerveja Brahma Villiger & Companhia, do judeu alemão Joseph Villiger, quando estabelecida nos anos de 1890, teve a peculiaridade de receber mão-de-obra dos ex-escravos recém-libertos com a Lei Áurea. A cerveja, pois, uniu negros ao alemães e aos judeus. Veem como a cerveja faz amigos?


Daí, aliás, nasceu... o samba!, pois estamos a falar de Praça XI, esta também devidamente sacaneada e completamente destruída em outras obras....

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