Saturday, December 11, 2010

Tia Júlia e o Escrevinhador

Com um segundo semestre especialmente carregado de trabalhos, muitos inéditos até então, a leitura de Tia Júlia e o Escrevinhador, romance de Mario Vargas Llosa, foi relegada para o fim do dia (a leitura das pálpebras cansadas) e, por fim, abandonada.

É difícil retornar a um romance depois de alguns meses. A tentação de abandoná-lo de vez (um dos direitos do leitor, não é, Pennac?) e começar um outro é grande.

Mas insisti. Voltei à Tia Júlia, ao Varguitas, ao Pedro Camacho, e não me arrependo em nada.

Houve época, recente, em que muito se alardeou o fim da literatura, bem como o fim da história, o fim da pintura o fim disso e daquilo. Atitude, no mínimo, de uma soberba ridícula.

Com o personagem Pedro Camacho, e suas narrativas entremeadas à linha narrativa 'principal', Llosa mostra que a capacidade do homem de criar, e contar, e organizar suas experiências por meio da narrativa, é infinita. Verdade que o personagem seca, endoidece, tem fim humilhante, o que permite diversas leituras simbólicas, algumas mesmo óbvias, mas o que me ficou deste doidivanas fascinante foi isso: jorro incessante, contar sem fim, mar de histórias.

Ao fazer isso, Vargas, naturalmente, revela-se sobremaneira moderno, pós, e nada ingênuo. E ao imiscuir, descompromissadamente, vida e obra, também.

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