Friday, January 16, 2009

Dante goes to the concert hall!


Verdade que ele tem as delícias do peito, mas, tirante isso, o pobrecillo não vê muitas coisas e nem passeia muito ainda. Vai do carrinho no nosso quarto para a cadeira de balanço no escritório e, de lá, para... o carrinho no... escritório. Duas vezes por dia vai pro quartinho dele, mas só pra tomar banho. Nem fica na caminha dele ainda.



Mas domingo passado, desejoso de mudar isso, levei-o para a sala, para ouvir música. Era um daqueles raros momentos, nesta idade, em que ele nem queria mamar nem domir. Queria é examinar as coisas e dar umas cabeçadas. Pois bem, levei-o para sala naquela que é minha hora preferida: as cigarras escandiam suas sílabas no incêndio do crepúsculo. Possivelmente a Papa-Ceia já aparecera.

O que ouvíamos? Um CD que há muito eu não escutava, o "Great American Concertos", com peças do Barber, Copland e Gershwin. Embora eu goste dele todo, o meu xodó é o concerto de violino do Barber, que coisa linda.

Ouvimos nós dois o Allegro inicial, eu extasiado em reencontrar uma peça querida de que eu me afastara. Mas quando chegou o segundo movimento, claro, um Andante, um movimento triste, como é tradição nos concertos, eu não agüentei (tremas ainda existem pour moi, baby): aquele oboé que se destaca é lindo demais, pungente demais, eu sempre choro e desta vez não foi diferente... Pudera, o oboé, o Barber, as cigarras (noivas desesperadas) e o Dante... as lágrimas fluíam e eu nem precisava disfarçar porque Lica estava longe, esquentando águas para o banho... Mas qual não foi meu espanto quando percebi que Dante também chorava! Deuses, pensei, também ele se sensibiliza com o oboé no início do Concerto para Violino e Orquestra Opus 37 do Samuel Barber! Que menino sensível!

Mas não! É que sua chupeta tinha caído....

3 comments:

Nathalia Fernandes said...

Adorei o texto!

Nathalia Fernandes said...

E, é claro, que amei o Dante.

Anonymous said...

Eu tava até acreditando ...
Tah, eu não achei que ele tivesse chorado realmente por causa da música...mas sim "como se fosse" sabe?!
Cortou meu barato, Evandro!